The technological imagination from the early Romanticism through the historical Avant-Gardes to the Classical Space Age and beyond
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
Hinos - 7 de Setembro 2011 e O "Sentimento Íntimo" da Nacionalidade
Um de meus passatempos prediletos nas raras ocasiões em que estou com meu filho Juliano Gigeck Galisi em São Paulo é escutar hinos e reconhecer as bandeiras das quase duas centenas de países neste pequeno ponto azul do universo. De maneira espantosa, ele conseguiu memorizar quase todas as capitais do mundo e demonstrou um interesse extraordinário pelo Pacífico Sul, sabendo de cor o nome de quase todas as minúsculas ilhas que foram palco das batalhas mais sanguinárias entre o Exército Imperial japonês e os mariners americanos. Indiferente às peculiaridades de dois teatros de guerra totalmente distintos, a saber, das diferenças essenciais dos estilos de comando e objetivos estratégicos das campanhas de Nimitz (Pacífico Central) e Douglas MacArthur (Pacífico Sul e Filipinas), entre Marinha e Exército, a ilha do Palau, para meu filho será sempre um lugar pacífico onde as crianças, todos os dias de manhã antes das aulas, cantam o hino e hasteiam a bandeira desse belíssimo canto do mundo. Mas o hino predileto mesmo do Juju é o de Israel, já que sempre sonhamos o dia em que estaremos reunidos novamente, e depois de pesquisas intensivas na Wikipedia, ele adotou o querogrilo como o animal símbolo do páis e assim decorou seu quarto, muito embora a Wikipédia o informe que essa criatura seja "abominável" para a Torá e não deva ser degustada sob hipótese alguma, em respeito à Lei, para sorte, é claro, desses simpáticos roedores.
E foi assim que comecei a colecionar hinos no youtube e ler nos comentários postados, com um sentimento de indignação crescente, como alguns seres humanos, confirmando o que Nietzsche já diagnosticara, podem ser, justamente naquilo que têm de PIOR, o mais MESQUINHO e ínfimo o possível, não um grandioso "son of a bitch", mas um pobre diabo RESSENTIDO. Só um paralelo me ocorre: Nixon, no auge de sua carreira na visita à China, naquele único instante de glória em que entra pela porta principal da História, caçando e vingando-se de todos aqueles "son of a bitchs" dos jornalistas de sua extensa lista negra (desde a infância) que deveriam ser riscados da comitiva oficial. Pois os seres humanos "normais", isto é, em condições padrão de temperatura e pressão ao nível do mar, mesmo diante de um momento sublime, como nos dois vídeos abaixo, conseguem tecer comentários grosseiros e infames muito "além da imaginação" da mesquinharia e até abaixo do Mar Morto.
Será que a angelical Avi, esta menina que faz até o Terminator chorar com sua voz, tem alguma coisa a ver com o Hamas e o Hizbollah e estaria apenas fazendo propaganda sionista?
Será que o fato de uma crianca ter orgulho de seu país e amar seus pais e avós impede outras crianças palestinas de sentir o mesmo, o que só depende da responsabilidade de suas elites? E por que alguém se dá ao trabalho de fazer um comentário assim e perde a oportunidade de calar a boca, já que o provérbio o "silencio é de ouro" existe em quase todas as línguas?
Seriam, por acaso, estas crianças os netos abomináveis de "Gengis Khan ", nesta interpretaçao maravilhosa do hino da Mongólia, na qual a Mongólia e seus filhos desejam ser apenas um país para aprender e coexistar com outros?
Em 1992, quando era estagiário do Instituto Goethe em Staufen, conheci duas moças de Ulan Bator e tive conversas inesquecíveis sobre o que mais amo: desertos e temperaturas polares. Os -10 C daquele inverno na Floresta Negra eram uma primavera gentil diante de -45 C de um dia qualquer de inverno lá no Goethe de Bator. Desde então, a Mongólia ocupa um lugar especial em meu coração.
Mas trata-se, como afirmou Machado de Assis em um célebre ensaio, daquele "sentimento íntimo" da nacionalidade contra o Exu Hegeliano Tranca Fronteiras do chauvinismo do Espírito. Pois é possível ser brasileiro, escocês, alemão, polonês, mesmo quando se fala das coisas distantes, pois as obras do Espírito são patrimônio comum, pertencem a todos os seres humanos e pertencem, sobretudo, às crianças e ao futuro. E mesmo que nossos compatriotas tropecem nos hipérbatos e na sintaxe enviesada de nosso hino, vale o esfoço dessa gente trabalhadora em tentar e, como sabemos, antes de qualquer jogo da seleção, este hino ganha um sentido quase religioso e, enfim, quem está se lixando para a letra, já que só a camisa amarela tem cinco belas estrelas?
Eu dedico este post ao meu filho Juju e a todos os querogrilos de todas as nacionalidades
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