domingo, 3 de julho de 2011

O programa nuclear "secreto" da Marinha brasileira segundo a ZDF alemã


Apresentador - O século XXI traz ascensão de quatro novas grandes potências, ou BRICS como denominam os estrategistas: o Brasil como “celeiro”, a Rússia como “fornecedora de energia”, a Índia como “prestadora de serviços” e a China como a “fábrica” do mundo. Entre as quatro, apenas uma, o Brasil, não é uma potência nuclear, mas ninguém pode garantir que permanecerá assim no futuro. O Brasil já teve uma vez um programa nuclear, dirigido pela Marinha, e, neste entretempo, aparentemente foi abandonado, mas os velhos sonhos ainda vivem na generalidade brasileira, que fala abertamente sobre isto: “Nós temos de estar em condições de construir um potencial nuclear, se o Estado assim o desejar. Não podemos negar a realidade: o mundo é violento, imprevisível e cheio perigos.”

Apresentador - Claro, isto é evidente, mas o programa atômico brasileiro é, neste momento, apenas para fins civis.

Apresentador – “Deus é brasileiro”, declara o Presidente Luís Lula da Silva às massas entusiasmadas. E este é, de fato, um pais abençoado, com uma natureza deslumbrante, 190 milhões de pessoas confiantes, uma nova classe média crescente, uma economia aquecida que consome cada vez mais energia. Mais de 80% do consumo brasileiro vem das hidroelétricas, mas, além deste limite, não é possivel se expandir, pois os rios já estão no limite da capacidade de exploração, novas fontes devem ser procuradas e o Brasil tem a sexta maior reserva de urânio do mundo.

Apresentador - Não foi nada fácil entrar nestas dependências (Centro de Processamento de Resende), mas, no fim, a indústria nuclear brasileira abriu as portas de suas impressionantes instalações.

Apresentador - Mas desde o comeco ficou claro também que a hospitalidade logo acabaria, não aqui, mas numa “certa porta”, na qual não poderíamos rodar, mesmo com ela fechada, sequer do lado de fora. O INB, o conglomerado brasileiro ainda compra urânio enriquecido para seus bastões no exterior, da URENCO, por exemplo, um empreendimento europeu, do qual a República Federal da Alemanha, por exemplo, é parceira, mas esta dependência deverá acabar logo logo. Segundo as autoridades da AIEA, o Brasil já atende a todas as condições para a produção de combustível enriquecido. E os engenheiros ainda trabalham nas máquinas “made in Germany”. A Siemens e a Alemanha foram, desde o início, parceiros do programa nuclear brasileiro contra os protestos raivosos dos Estado Unidos contra a concorrência indesejada.

Apresentador - Neste intervalo, sabemos que os militares brasileiros continuam tocando um programa militar “paralelo” para o confecção de material enriquecido e armas, e isto acabou vazando, mas aqui, como se afirma oficialmente, trata-se de um programa “exclusivamente civil”. Se isto é verdade, e eles até deixaram entrar nesta dependência supersecreta de fabricação de bastões, porque as portas das instalações para o enriquecemento de urânio têm de ficar fechadas, não apenas para mim, para inspetores das autoridades internacionais?

Apresentador - O que vocês estão escondendo atrás daquela porta? Qual é o problema de mostrar o que está atrás da porta? É um problema?

João da Silva Gonçalves (Diretor Técnico do Centro) - Não, não é um problema. Aqui não têm nada de ilegal. São apenas segredos industriais, máquinas e procedimenrtos, segredos industriais, é apenas isso.

Apresentador - Quer dizer, você está me dizendo que o Brasil desenvolveu procedimentos novos no processo de enriquecimento.

João da Silva Gonçalves (Diretor Técnico do Centro) – Sim.

Apresentador - Sobre os quais o resto do mundo ficaria impressionado, mas em tão pouco tempo?

João da Silva Gonçalves (Diretor Técnico do Centro) - Sim, eu diria isto.

Apresentador – Brasília, uma capital planejada, de um pais do futuro, e para isto o Brasil tem de ser tornar numa potência energética e este é o trabalho de Mario Botelli.

Apresentador - Se um país pode enriquecer urânio em 15%, 20%, haveria qualquer impedimento técnico, para dar um passo adiante, de se chegar até 90%?

Mário Ferreira Botelho (Coordenador do Programa Brasileiro de Enriquecimento) - Veja bem, isto não é difícil, você terá apenas de repetir o processo. Você pode se decidir em enriquecer com 5%, 6%, 8%, ou 9%, 20%, sem dificuldade, apenas talvez com uma ampliação de sua planta, mas a gente não pensa nisto, este não é o programa que o Brasil persegue. Mas eu também não posso garantir que vai ser sempre assim. O mundo e as pessoas mudam. Está na natureza humana esta mutação. A gente está sempre mudando.

Apresentador - Durante toda a conversa, fiquei observando e admirando a decoração do escritório de Botelho. O chefe do escritório do setor de enriquecimento revelou ser, na verdade, um antigo comandante de submarino e, desde o início, foi a Marinha brasileira que tocou este programa e até mesmo o desenvolvimento de armas nucleares foi um programa da Marinha brasileira.

Apresentador – Também mina a nossa confiança o fato de que o Presidente Lula da Silva tenha aumentado pela metade o orçamento militar e comparado publicamente os interesses do Brasil aos do Irã. A Marinha brasileira terá novas tarefas. Eles já estão trabalhando na proxima geração de submarinos atômicos e a verdadeira motivação para isto é o orgulho sul-americano para encarar os Estados Unidos com orgulho e encontrão novos parceiros, o velho adversários dos Estados Unidos está preparado.

Solicitei à jornalista Claudia Antunes, do Caderno Internacional da Folha de São Paulo, sucursal Rio de Janeiro, que fizesse uma avaliação deste bloco do programa da ZDF e, de fato, ele está crivado de erros, dois deles particularmente grosseiros e não há provavelmente e literalmente "nada" atrás "daquela porta". Sua resposta foi postada no Facebook. Relatei a Cláudia Antunes que esta perspectiva e desconficança são "dividendos" do "curto capítulo iraniano", já encerrado, de nossa diplomacia.

"Galisi, vi a matéria da ZDF. Acho que tem algumas imprecisões: na verdade, tem uma parte do programa nuclear que ainda é a militar, que é justamente a fabricação do reator para o futuro submarino nuclear (aquele do acordo com a França). Para abastecer esse reator, o Brasil terá que enriquecer urânio a 20%, que é o máximo permitido para fins pacíficos para a AIEA."
"A tal centrífuga sobre a qual se mantém segredo industrial tb vou produzida pela Marinha, no centro chamado Aramar, em SP, que também está sob inspeções da AIEA (mas no mesmo esquema da fábrica de combustíveis de Resende, isto é, os inspetores checam o que entra de urânio bruto e o que sai de enriquecido para as usinas de energia, mas não veem a centrífuga)."
"Na minha opinião, o Brasil gostaria não de produzir a bomba, mas de chegar ao "limiar da bomba", como Alemanha e Japão, que têm capacidade de fazer a arma em pouco tempo se o desejarem. Mas acho que mesmo isso vai demorar muito porque até o programa civil está superatrasado. O Brasil ainda depende de importação de combustível para as usinas, para uso médico e não conseguiu ainda dominar a transformação da pasta de urânio em gás, que é um processo prévio à produção do combustível, que são varetas ou pastilhas. Fora que o Brasil não tem veículo lançador, nem pesquisa avançada de veículo lançador de arma atômica."

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